Lionel Messi é de forma inequívoca o melhor jogador argentino pós Diego Maradona, as comparações entre ambos são infindáveis mas há sempre um argumento onde El Pibe de Oro leva vantagem, em 1986, sozinho perante milhares de aztecas loucos pelo seu talento, venceu o Campeonato do Mundo com a camisola da sua Argentina, glória que La Pulga tem tido dificuldade em encontrar. Quem utiliza este argumento diz que Messi apenas aparece sob a protecção do seu Barcelona, que o seu talento apenas tem espaço entre o tiki-taka de Pep Guardiola.
Mas e se Messi tivesse nascido em Espanha, se fizesse parte da já incrível selecção de Nuestros Hermanos? Teria hoje, muito provavelmente, mas títulos que o Pelusa pela sua selecção, no entanto seria ainda assim o mesmo jogador? Seria Messi o jogador que conhecemos sem os treze anos em que jogou nas ruas e baldios de Rosário antes de rumar à Catalunha?
Isto faz-me pensar na moderna dicotomia que habita entre o futebol de formação quando se compara o futebol de rua às academias de futebol que têm surgido em massa nos últimos anos. Alguns românticos dizem estas academias e escolas de futebol estão a matar o talento, que a sua influência castrará o aparecimento de novos prodígios como Pelé, Maradona e tantos outros que aprenderam a sua arte na rua. Esses mesmos dizem que só o futebol de rua pode dar ao jovem jogador as condicionantes para o seu desenvolvimento.
Vítor Frade diz-nos que “no futebol de rua são os modelos que eles têm no «imaginário», os mais velhos que eles imitam, o envolvimento mais ou menos próximo. Isso é extraordinário, é melhor que a maioria das escolas que andam para aí, onde têm adultos que não sabem nada e só estragam, só formatam. Mas, a possibilidade do adulto de qualidade estar a interferir no sentido de melhorar, aí sim.”
Quanto à discussão inicial, parece-me completamente sem sentido comparar Messi a Maradona, nenhum apreciador de arte discute ou compara a Capela Sistina de Michelangelo com a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e futebol é isso mesmo, arte.
5 comentários:
Boas!
No seguimento do que diz Vítor Frade ("(...)onde têm adultos que não sabem nada e só estragam, só formatam"), é engraçado ouvir Vítor Pereira dizer que não quer estragar o talento que tem à sua disposição.
Quanto ao texto em si, também acho que o que está errado não é o conceito de Academia, mas o que lá se faz. Por exemplo, no Barcelona e em muitas equipas holandesas procura-se explorar (uso este termo no sentido de aumentar as capacidades) a criatividade dos jogadores.
Cumprimentos!
Pardon me for writing in English. This post has said more in a few sentences than much I've read in a few years. Rinus Michels pioneered the "academy," but he always said he tried as much as possible to keep what was most valuable about street soccer in each exercise as much as he possibly could.
This post said more in a few sentences than most things I've read in the last few years. Rinus Michels pioneered the "academy," He thought street soccer was preferable, but the academy had become necessary because society had changed. That said, he was always very clear that he tried to keep as much as possible of street soccer in every exercise he created and used.
Boas Luís,
Vítor Pereira segue a ideologia de Vítor Frade, foi sem aluno na faculdade e isso tem enorme reflexos na metodologia do treinador portista.
Penso que muitas vezes negamos aos miúdos contextos para crescerem no futebol e há que trabalhar nisso.
Cumprimentos!
TodH,
Thanks for the comment and participation. It is very important to change the way we view training for little ones.
You work with children?
Best regards!
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