A problemática do resultado

Na entrevista de Xavi que publiquei recentemente houve umas palavras que me deixaram a pensar, segundo o internacional espanhol: «Algumas academias de formação preocupam-se em ganhar, nós preocupamo-nos com a educação. Vemos um miúdo que levanta a cabeça, passa à primeira e pensamos: 'Sim, vai dar'».

A constatação é óbvia e todos nós que treinamos nas camadas jovens percebemos que há diferentes abordagens ao conceito de formação no nosso país e que por vezes a aprendizagem do jogo, a formação em si mesmo é posta de lado em detrimento de um resultado que é em tudo enganador.

Este texto vem também em função do comportamento de um treinador de uma equipa de infantis na mesma semana em que saiu a entrevista. A preparação do jogo, a mensagem, os feedbacks, a organização, tudo esteve focalizado no resultado, no ter que ganhar, mais até do que querer jogar. Não quero com isto dizer que o resultado não é importante, a agonística é parte fundamental no desporto e a cultura de vitória deve ser sempre construída e transmitida, ainda assim essa importância deve ser muito bem pesada na balança das prioridades, nunca tendo lugar de destaque numa equipa de formação.

O foco deve, sempre, estar no nosso jogo, na aprendizagem do mesmo e na constante superação desse entendimento, que nunca é técnico, táctico ou físico mas sim uma representação do nosso jogar, envolvido por todas as vertentes e capacidades necessárias.

Enquanto nos centrarmos apenas no resultado continuaremos a cometer erros crassos, é uma questão cultural mas que terá de ser entendida para o bem do nosso futebol.

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