Novos ventos de leste

Desde a desintegração das velhas União Soviética e Jugoslávia os ventos de leste têm soprado e tomado direcções diferentes, é o reflexo dos primeiros sinais de vitalidade e liberdade de países que viveram durante muito tempo numa prisão que afectava quase toda a ordem social.

O futebol como fenómeno envolvente e condicionado por um enorme leque de factores tem mostrado também sinais de mudança, nos últimos anos sem darmos muito bem conta várias equipas de leste têm marcado posição no futebol europeu, quase sempre como surpresas e equipas-sensação de grandes provas como a Liga dos Campeões e a Taça UEFA (agora chamada Liga Europa).

É um fenómeno que me interessa bastante e que tem sido pouco abordado mas que levanta várias questões. Basta pensarmos na agora extinta Taça UEFA, nós últimos cinco anos de existencia da prova, os vencedores foram, CSKA Moscovo (Rússia) – 2004/2005, Sevilla (Espanha) – 2005/2006, Sevilla (Espanha) – 2006/2007, Zenit (Rússia) – 2007/2008 e Shakhtar Donestk (Ucrânia) – 2008/2009. Em cinco anos, três dos vencedores são clubes de leste, serão só coincidências?

Quanto a mim, não. Para além destes factos temos ainda outras equipas com boas prestações na Liga dos Campeões e a fortíssima selecção russa do último Europeu realizado na Áustria e Suíça. Mesmo com algumas reminiscências do colectivismo de leste mas agora muito mais soltas e capazes do ponto de vista individual as equipas russas, ucranianas, romenas, etc., têm trabalhado muito bem e superado muitas expectativas. Apoiadas por enormes fortunas de rublos provenientes de milionários normalmente das indústrias de petróleo e gás natural (é importante lembrar que a Rússia tem reaparecido como potencia mundial nesta área), muito capazes na prospecção, nomeadamente no mercado sul-americano e ainda fortes em termos organizativos, estas equipas têm atraído treinadores, jogadores e muita atenção que tem tido resultados práticos.

Pela capacidade monetária, cultura organizativa e capacidade de trabalho característica desta zona do globo, assim como as condições climatéricas que dificultam imenso a vida a outros clubes nas deslocações a estas equipas penso que esta força de leste vai perdurar, mas para além disto é importante realçar um ponto importante, com esta evolução nasceu também um pólo, a meu ver, extremamente atractivo para o mercado europeu mais ocidental, já que mesmo com as saídas de alguns jogadores como Andrey Arshavin ainda há muitos outros com potencial e qualidade para reforçar as equipas de topo nos grandes campeonatos, nomes como Dzagoev (CSKA Moscovo – Rússia), Danny (Zenit – Rússia), Alejandro Domínguez (Rubin Kazan – Rússia), Cristian Ansaldi (Rubin Kazan – Rússia), Alex (Spartak Moscovo – Rússia), Daniel Carvalho (CSKA Moscovo – Rússia), Igor Akinfeev (CSKA Moscovo – Rússia), Srna (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Willian (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Jadson (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Fernandinho (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Rat (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Ilsinho (Shakhtar Donestk – Ucrânia), Milevskyi (Dinamo Kiev – Ucrânia), Yarmolenko (Dinamo Kiev – Ucrânia) e Kravchenko (Dinamo Kiev – Ucrânia) mostram jogadores muito acima da média e que bem analisados poderiam ser excelentes apostas, é necessário no entanto as equipas estarem atentas e tentarem conseguir bons negócios.

Acho que é importante nós também estarmos atentos e apreciarmos muito do talento que tem derretido o gelo das ruas de leste, estes novos ventos trazem futebol e bom futebol, de futuro tentarei trazer ao pormenores alguns dos jogadores e das equipas que falei.

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