Rui Faria: «Este método de treinar é único porque é nosso»

Artigo interessante na edição online do jornal Record com uma pequena entrevista a Rui Faria, adjunto de José Mourinho desde o tempo do U. Leiria. Saliento a importância dada à objectividade e a forma como fala do o processo de treino/jogo.

«Hoje, 17 títulos depois, continua a pensar da mesma forma, mas juntamente com Mourinho, foi aperfeiçoando um método de trabalho iniciado em 2001/02, nos tempos em que estavam juntos na U. Leiria. E os resultados estão à vista. "São 10 anos a trabalhar juntos num método de treino identificado como único porque é criado e pensado por nós. Temos ideias comuns e os mesmos fundamentos. As únicas discussões que temos visam apenas retificar um ou outro pormenor. Quanto ao resto, há uma convergência total", explica Rui Faria.

Não se trata de uma fórmula mágica, mas de uma forma particular de encarar o treino e o jogo. “O tipo de treino que realizamos visa identificar os jogadores com a forma de jogar preconizada pelo treinador. Cada exercício tem um objetivo definido, que deve ser assimilado por todos. Isso significa jogar e implica gerir o esforço deles, de forma a que a adaptação seja feita no sentido que pretendemos.”

Rui Faria conta que o seu trabalho "está umbilicalmente ligado ao trabalho do treinador", e que a aplicação dos métodos de clube para clube varia apenas “com a qualidade dos jogadores, o seu conhecimento tático e com a idade média da equipa”, acrescentando: “Obviamente que as experiências e a cultura tática dos jogadores permite acelerar ou não a progressividade com que as nossas ideias são introduzidas. Por outro lado, a média de idades permite-nos um maior ou menor tempo de atividade na exacerbação dos princípios de jogo.”


Quem vê os treinos das equipas de Mourinho percebe que os jogadores não fazem corrida à volta do campo. Rui Faria não é apologista deste trabalho, tal como o trabalho no ginásio, o que até já lhes valeu críticas por parte da nova equipa técnica do Inter.

“Não é o tipo de situações que procuramos em treino. Recentemente, fomos criticados pelo método utilizado no Inter. Pelos vistos, a nossa forma de treinar não permitia trabalhar a força nem a resistência. E na realidade têm razão. Não é essa a força nem a resistência que pretendemos. São coisas completamente diferentes, com uma especificidade também diferente. E os resultados têm falado por nós.” E com uma curiosidade: “Não corremos, da mesma forma que quem pratica atletismo não joga futebol para treinar.”

Outra questão que gera enorme discussão entre os treinadores diz respeito à utilização permanente da bola nos treinos. Ou a sua ausência. Rui Faria é a favor da bola: “A nossa filosofia de trabalho e os métodos de treino estão definidos. A sua operacionalização é um processo natural, apesar de complexo e de difícil execução da parte de outros que tentem imitar ou copiar. Ou seja, quem cria sabe a melhor forma de operacionalizar. Treinar com bola ou sem bola é algo muito relativo. Há muitas formas de trabalhar com bola e sem bola, porque ninguém treina da mesma forma. Para nós, obviamente que a bola é fundamental, porque é assim que atingimos os objetivos. Não estou interessado em discutir se o nosso método é melhor ou pior, porque para nós esta forma tem sucesso.”

E vai mais longe: “Nem todos os exercícios de posse de bola, de finalização ou de organização tática servem para nós. Servem os que dizem respeito à forma de jogar do treinador.”»

1 comentários:

Rafael Antunes disse...

Olá!

Este artigo é música para os meus ouvidos.

Dá que pensar, deixa "água na boca"...