Entrevista a Hugo Vicente

O Geração Futebol abre agora um novo espaço, as Entrevistas, espaço esse que considero fundamental para o blog em si. Pretendo com isto conhecer e dar a conhecer a opinião de algumas pessoas que considero notáveis, pela carreira, experiência mas principalmente pela personalidade e conteúdo.

A primeira entrevista está reservada a alguém já conhecido por quem está ligado à área do treino mas que pode ainda passar ao lado dos menos atentos a este tema, trás consigo já alguns anos de experiência, passando inclusivé pelo SL Benfica, é neste momento coordenador da iniciação e treinador de técnica individual do SC Braga e Director de Coerver Coaching em Portugal.


Quem é Hugo Vicente?

Treinador de futebol, apaixonado pelo treino e com formação específica no treino de técnica individual através da metodologia Coerver.


Conta-nos um pouco da tua experiência no mundo do futebol.

A minha experiencia no futebol começou como a grande maioria dos jovens da minha geração entre o futebol de rua e colectividades de bairro onde se jogava futebol de salão. Com 13 anos fiz captações num clube de topo, onde joguei, e desde então, fui praticante federado da modalidade durante todo o período de formação até aos 25 anos, altura em que a minha actividade profissional me impediu de continuar a jogar. Pouco depois, a convite de um ex-treinador tornei-me adjunto de uma equipa de Sub-17, e desde então tornei-me um apaixonado pelo treino de futebol. Desde esse momento senti a necessidade de me formar como treinador e de aumentar o meu conhecimento nesta área apaixonante que é o treino.

Já treinei todos os escalões de formação e também seniores. Pelo meio, tive a experiência de colaborar com a revista Soccer Coaching International, de quem fui editor em Portugal. Sou actualmente Director de Coerver Coaching em Portugal, o qual me despertou o interesse para a área específica do treino de técnica individual. A nível de clubes, treinei durante 10 anos no Paio Pires Futebol Clube, um modesto clube do distrito de Setúbal, que me permitiu evoluir muito como treinador, onde pude experimentar e colocar em prática as minhas ideias, e experimentar várias abordagens ao treino, que me permitiu seguir o caminho em que mais acredito, não apenas por via da teoria, mas sim pela junção desta com resultados práticos de vivências dia após dia. Estive também no Sport Lisboa e Benfica, onde para além de treinador, tive o prazer de privar com uma das pessoas que destaco como referência no treino de jovens, o Professor António Fonte Santa, bem como um grupo de treinadores de excelência com quem partilhei e assimilei muitas ideias sobre o que é e o que para mim deve ser o treino de futebol. Neste clube fui também formador internacional, o que me deu experiências bastante enriquecedoras no estrangeiro, onde dei formações e treinei com jovens de diferentes países e de diferentes níveis. Actualmente, sou treinador de técnica individual no Sporting Clube de Braga, onde trabalho com todas as equipas da formação do clube, e também coordenador dos escalões de iniciação, Benjamins e Infantis.


Como surgiu a oportunidade de seres Director do Coerver Coaching em Portugal?

A necessidade de querer evoluir como treinador levou-me a intensas pesquisas sobre metodologias de treino nas quais descobri o método Coerver. Numa fase inicial, fui apenas um dos muitos que interpretou e aplicou o pouco que era disponibilizado sobre a metodologia através dos já extintos VHS. Após resultados bastante impressionantes no impacto deste treino nos meus atletas, levou-me a querer aprofundar os meus conhecimentos sobre este método de treino. Através de um contacto directo com um dos responsáveis de Coerver Internacional, demonstrei o meu interesse, e, durante aproximadamente um ano, partilhamos ideias, falámos de futebol, de treino, e acabou por surgir o convite para iniciar a minha formação como treinador Coerver. Após um ano de formação, foi-me proposto iniciar este projecto em Portugal, uma vez que não existia presença regular da mesma no nosso país.


O que nos podes dizer acerca do Coerver Coaching? Como surgiu? Qual a sua metodologia de treino, princípios e objectivos?

A metodologia Coerver nasceu da ideia de Wiel Coerver, um treinador holandês, que foi contra a corrente de pensamento da época (década de 70) em que os jogadores eram vistos como talentos inatos, em que o treino se dedicava sobretudo à aquisição de resistência física para suportar as exigências do jogo.
Coerver acreditou que era possível melhorar as qualidades técnicas dos atletas, e começou por criar um programa de treino, com o objectivo de ensinar os gestos técnicos dos atletas mais conceituados da época a atletas menos dotados. Mais tarde, Alfred Galustian e Charlie Cook juntam-se ao holandês e desenvolvem e adaptam as suas ideias, e criam um programa de treino, direccionado ao ensino e desenvolvimento da dimensão técnica dos atletas, tendo em conta o ensino do jogo e outros importantes aspectos como as etapas de formação dos atletas ou a progressão dos exercícios.
26 anos depois, a metodologia Coerver enraizou-se em diversos países a nível mundial, e é recomendada pela FIFA e UEFA, bem como associações de futebol, clubes, treinadores e jogadores de topo a nível mundial, não se tendo desviado ao longo deste período dos seus objectivos iniciais, o de desenvolvimento da dimensão técnica do jogador.

É importante sublinhar, que com a evolução do jogo, houve e continua a haver, uma constante evolução da metodologia, continuando a ser valorizado o principio da repetição, mas onde o treino analítico, ou isolado, sendo importante numa fase de aquisição de comportamentos, é gradualmente substituído pelo treino integrado, onde a observação, qualidade e velocidade de decisão e de execução, têm cada vez mais relevo, por serem factores que na maioria das vezes condicionam a qualidade de um gesto técnico. Assim sendo, o nosso objectivo é cada vez mais não apenas ensinar a executar através da repetição dos gestos, mas também, colocando os jogadores em situação de jogo, aumentando a dificuldade de forma progressiva, para que os atletas, mais do que aprenderem e desenvolverem a sua técnica, a coloquem em prática em situações de jogo e de forma eficiente.


Em Portugal esta metodologia tem sido trabalhada desde quando? Qual o nível actual da sua estrutura no nosso país e quais as actividades realizadas para o seu desenvolvimento?

Ao longo dos anos alguns treinadores utilizaram e tiveram acesso às ideias e exercícios Coerver através de publicações editadas em livros, VHS’s e DVD’s, mas durante este período, nunca existiu uma presença oficial da metodologia em Portugal que permitisse aprofundar as ideias apresentadas nesses suportes. Foi com este objectivo que à 2 anos iniciamos a implementação do método Coerver em Portugal, tendo sido a estratégia inicial realizarmos workshops de formação, onde pretendemos dar a conhecer de uma forma mais específica as nossas ideias e como as colocamos em prática, focando sobretudo a importância do nosso trabalho nas idades de iniciação.

A resposta tem sido boa, temos realizado vários eventos de Norte a Sul do país e sempre com feedback bastante positivo, mas a organização e gestão do nosso futebol, bem como dos clubes no nosso país, faz com que este processo seja moroso e não permita um investimento muito agressivo da nossa parte. Neste momento estamos a formar coordenadores regionais de forma a conseguirmos entrar de forma mais sólida nas formações dos clubes, por acreditarmos que é necessário, sobretudo nas idades mais jovens, um trabalho mais direcionado para a técnica, uma vez que com o desaparecimento do futebol de rua, é cada vez mais necessário, fazer as pessoas perceberem que mais do que preparar a estratégia táctica para poder vencer os jogos dos campeonatos em que participam, nestas idades, essa preparação não pode esquecer a prioridade do treino nesta fase de desenvolvimento dos atletas, que é a relação com a bola.


Como tem sido a adesão, quer dos clubes, quer dos restantes agentes desportivos?

Em todos os locais que realizamos eventos existe sempre o desejo de dar continuidade a este trabalho, mas ao contrário da mensagem que normalmente se pretende passar, o investimento na formação de atletas em Portugal é na verdade bastante reduzido ou até mesmo nulo, o que dificulta bastante essa adesão, porque muito do que se faz no nosso país, sobretudo a nível da formação, resulta quase sempre apenas e só do interesse e perseverança dos treinadores que pretendem evoluir o seu grau de conhecimento, e muito pouco dos clubes… basta analisar a quantidade de clubes que tem na sua estrutura da formação treinadores em regime de full-time, para se perceber a importância que é dada à mesma…


Quais as equipas que neste momento trabalham melhor a metodologia no nosso país?

Oficialmente, neste momento, Coerver Coaching não trabalha em parceria com nenhum clube. Existem alguns clubes onde realizámos acções de formação, bem como treinadores que participaram nos nossos evento, que de acordo com as suas necessidades e interpretação dos conteúdos abordados, vão aplicando nos seus clubes e/ou equipas, alguns dos nossos conceitos, mas não de uma forma oficial. Mas é importante reforçar que este também é um dos nossos objectivos. Sabemos que cada clube e cada treinador tem a sua identidade, tem o seu pensar, e nós não pretendemos substituir essas ideias, mas sim, complementar as mesmas, reforçando a importância do foco no treino da técnica individual nas idades de formação. Não faz sentido aqui dizer-te quem trabalha melhor ou pior a metodologia, mas sim, reforçar que em Portugal, todos os clubes de maior dimensão, percebem a importância e investem parte do seu treino no desenvolvimento das capacidades técnicas dos seus atletas, apesar de cada um, ter a sua própria visão e forma de o fazer. Certamente, acredito que o que mais trabalhará baseado na metodologia Coerver será neste momento o SC Braga, por razões óbvias.


No estrangeiro quais são as amostras de sucesso mais visíveis da metodologia?

O nosso objectivo, como referi anteriormente, não é substituir as ideias e conceitos de treino implementadas nos clubes, mas sim complementar esse trabalho, reforçando a importância do treino técnico. Por todo o mundo existem clubes e federações que trabalham e utilizam a nossa metodologia como complemento ou com conceitos de Coerver diluídos nos próprios modelos de formação. Por esse motivo, não posso e seria até indelicado da minha parte, destacar atletas e resumir o seu sucesso à utilização da metodologia Coerver. Como dizemos várias vezes, um atleta é como que um puzzle composto por várias dimensões, uma delas a dimensão técnica, que nós acreditamos ser bastante importante, mas obviamente, isolada não pode justificar o sucesso de um atleta. Ainda assim são vários os exemplos de atletas e de países onde a nossa metodologia está bastante implementada, com resultados francamente positivos a nível da formação, como por exemplo a Holanda, França, Japão, EUA, entre muitos outros, que referem a importância e o impacto que o nosso treino teve na sua formação como profissionais, como por exemplo, o Zinedine Zidane, ou até, por ser bem conhecido do futebol português e recente contratação do Chelsea, o David Luiz.


A que nível pode o Coerver Coaching ser um instrumento útil para o futebol de formação em Portugal? O que pode mudar no futuro com a aposta nesta metodologia?

Acredito que a técnica é a base de tudo no futebol. E não é apenas no futebol, é em todas as modalidades desportivas… Como tal, nas idades mais jovens, grande percentagem do treino deve ser direcionada para esta dimensão do treino. Os jovens têm cada vez menos tempo de prática, não bastava o já conhecido desaparecimento do futebol de rua, mas chegámos ao ponto de até na grande maioria das escolas do país, as crianças estão proibidas de jogar futebol nos recreios, no próprio treino em clubes, continua a haver a obsessão dos treinadores de jovens em copiar modelos de treino de equipas séniores, totalmente focadas no rendimento, em que apenas a dimensão tática é importante, e como tal, corremos o risco de perder uma das grandes características dos nossos jogadores: a sua qualidade técnica, a sua capacidade de desequilíbrio, a sua excelente criatividade, consequência do controlo exagerado dos adultos em todas as atividades das crianças, que cada vez menos têm momentos de liberdade de expressão criativa… Como tal, acredito que podemos, com a nossa metodologia, ajudar a criar um ambiente em que a excelência técnica seja uma prioridade por parte dos atletas, sobretudo em idades em que a sua capacidade de desenvolvimento destas características está no máximo das suas potencialidades.


A metodologia Coerver privilegia o talento ou as necessidades imediatas? Ou seja, a metodologia potencia um jogador ou transforma-o?

O nosso objectivo é minimizar lacunas técnicas e potenciar gestos de grande eficácia. É importante perceber que pretendemos acima de tudo, fazer parte de um processo de formação, e não, ser o processo em si só. Assim sendo, a resposta para essa pergunta estará naquilo que o líder do processo considerar necessário para esse jogador. Ou seja, se estamos a falar de alto rendimento, serão as necessidades e exigências do modelo de jogo da equipa que definirão as prioridades do nosso treino com determinado jogador. Se estamos a falar de idades de iniciação, então pretendemos equilibrar as capacidades do atleta, tendo sempre como referência a etapa em que este se encontra no seu processo de desenvolvimento. Portanto, mais importante do que querer moldar um atleta em modelos de referência, transformando-o, consideramos mais importante, quando identificado o seu potencial, e dar-lhes a oportunidade de conhecer e vivenciar modelos de referência que procurem estimular os mesmos a atingir a excelência técnica, de forma a potenciar as suas qualidades.


Será importante para o contexto nacional? Por exemplo: surgem demasiados extremos. A metodologia defende que devemos aproveitar ao máximo as características de um extremo, fazendo-o atingir os 100% do seu talento, ou antes, se verificar que pode haver características para isso, transforma-lo em ponta de lança, mas ficando só nos 85%?

A posição que um atleta ocupa em campo depende bastante das suas características em diversas dimensões, e não apenas técnicas, e essa decisão nunca será da nossa responsabilidade. Esta depende bastante das ideias do treinador /clube em relação ao seu modelo de jogo / formação e das suas necessidades dentro de um plantel. Se estamos a falar de etapas de iniciação, o nosso objectivo é dotar os atletas o mais possível de ferramentas técnicas, que lhes permitam solucionar problemas tácticos e não, direccionar o treino para a especialização de posições específicas. Queremos fazer sobressair as suas qualidades, potencia-las, e procurar um domínio o mais completo possível das técnicas de base da modalidade, para depois, quando atingirem idades em que o rendimento desportivo começa a assumir uma preponderância maior, poderem ser inseridos num contexto de especialização e de forma a que possam continuar a desenvolver as suas competências táticas, correspondendo de forma positiva ao nível da dimensão técnica das exigências táticas que lhes são apresentadas. Se estivermos a falar de treino de técnica individual em idades de rendimento, então aí, a especialização assume a prioridade máxima, e o nosso objectivo passa por procurar a máxima eficácia nos gestos técnicos utilizados por parte do atleta nas tarefas essenciais que determinada posição exige. Neste caso, estamos sempre dependentes daquilo que o líder do processo, seja ele o coordenador da formação, seja o treinador, nos solícita como prioritário e fundamental nos comportamentos do atleta.


Para ti o Coerver Coaching é um complemento ao treino ou deve estar inserido no modelo de treino da equipa?

Acredito que o treino, para atingir o seu máximo potencial, deverá ser elaborado por uma equipa multidisciplinar, uma vez que o jogador e a sua preparação para o jogo, é muito mais do que apenas técnica e do que apenas táctica. Como tal, a metodologia Coerver deverá estar inserida no modelo de treino da equipa, considerando que nas etapas de iniciação, esta deverá estar presente com uma maior predominância e preponderância. De resto, acredito que tudo aquilo que possa potenciar o treino da equipa e o desenvolvimento do jogador para que possa ser cada vez mais forte e preponderante nesta equipa, deverá ser sempre um complemento ao treino e sempre que possível, ter momentos em que se fundem com o trabalho da equipa…


A nível sénior é produtivo o uso de um Coerver Coach?

Cada vez mais, o alto rendimento exige uma perfeição quase absoluta. Eu acredito em equipas técnicas multidisciplinares de forma a atingir resultados de excelência, e como tal, o jogador em todas as suas dimensões é fundamental para a correcta interpretação e execução das ideias do modelo de jogo e das estratégias adoptadas pelo treinador jogo após jogo. Como tal, acredito que a potenciação física, mental, técnica e táctica dos jogadores é essencial para um produto final o mais próximo da perfeição, e nesse prisma, acredito que um treinador que tenha o seu foco na dimensão técnica do atleta é também fundamental no processo de treino. Apesar de não ser comum em Portugal, é algo habitual noutros países, e que ninguém pode discordar que um simples exercício se for desenhado por um treinador apenas, pode ser muito rico, mas se o mesmo for complementado por uma equipa multidisciplinar, proporciona um impacto muito mais eficaz no atleta…


Ano passado, na África do Sul, vimos a final do Campeonato do Mundo de 2010 com Holanda e Espanha a disputarem o troféu, duas equipas muito dotadas do ponto de vista técnico, na tua opinião, o Coerver Coaching pode ser um veículo transmissor de um futebol a este nível?

Por muitas voltas que queiramos dar, o jogo é jogado pelos jogadores. É a interpretação e as soluções que estes apresentam em cada momento de jogo que garantem ou não a qualidade do mesmo. Tudo começa nas ideias de jogo do próprio treinador, na forma como este transmite essas ideias aos atletas, e na forma como os prepara nas suas várias dimensões para a execução das mesmas. Como tal, Coerver Coaching é importante não apenas no processo de formação de atletas tecnicamente evoluídos, mas também, na tal preparação da dimensão técnica dos atletas para a correcta execução das ideias de jogo dos treinadores.


No que diz respeito ao futebol de formação e tendo uma réplica do que se passa lá fora, o que achas da nossa formação? E comparativamente a outras realidades onde achas que ainda temos ou podemos evoluir?

Comparativamente à muitos anos atrás, o jogador português é muito mais valorizado do que era, o treinador português é considerado dos melhores do mundo, mas… julgo que temos de fazer uma restruturação muito grande para podermos potenciar ainda mais as qualidades que temos! E a verdade é que temos! Comparativamente com outros países com realidades organizativas bastante mais coerentes e direcionadas à potenciação destas qualidades, julgo que temos recursos humanos bastante capazes mas não temos uma estrutura que realmente valorize e dê espaço para que estas qualidades venham ao de cima… Julgo que necessitamos urgentemente para podermos continuar a evoluir de uma forma sustentada de uma restruturação que passa pela reformulação dos quadros competitivos na formação, pela restruturação do modelo de formação de treinadores em Portugal, por um maior e verdadeiro investimento na formação por parte dos clubes, na melhoria das infraestruturas dos clubes, numa exigência maior na formação de dirigentes desportivos que possam garantir uma visão diferente da que existe atualmente sobre o é a formação e do que esta pode dar aos clubes, quer a nível financeiro como a nível desportivo… enfim… acho que ainda existe um grande caminho a trilhar… mas… a verdade é que temos pessoas com muito potencial, mas necessitamos de criar as condições ótimas para que este potencial seja aproveitado, senão a nossa evolução vai estagnar…


Para ti, de onde provem a grande dificuldade no aproveitamento dos jogadores da formação para o alto rendimento? O que fazer para mudar isto?

São imensos os fatores que condicionam este aproveitamento...uma coisa é obvia, é que se não dermos oportunidade aos atletas jovens nesta etapa, nunca irá haver aproveitamento, mas a realidade é que os nossos atletas quando chegam à idade sénior, estão na grande maioria das vezes, num estágio de desenvolvimento muito inferior ás exigências que uma competição de alto nível requer… e é por isso que referi na pergunta anterior a necessidade de reformular o nosso futebol de formação… e passa realmente por uma abordagem diferente que é necessária e essencial para que esse aproveitamento possa ser maior… e a verdade é que o problema começa logo nas etapas de iniciação…


Com o fenómeno do treino sempre a crescer e com cada vez mais pessoas ligadas à área, pensas que haverá espaço para todos? Como manobrar esta situação?

Como em tudo na vida, haverá sempre espaço para as pessoas competentes. Quanto maior for o universo de pessoas, maior será o grau de exigência… e do que o nosso futebol e os nossos atletas necessitam, é de competência!


E tu, o que esperas do futuro? Novos projectos? Metas a atingir?

Como qualquer treinador ambicioso que acredita nas suas competências, não escondo o desejo de continuar a progredir na minha carreira como treinador. Sinto que neste momento estou num clube que me proporciona este desejo de evolução, e como tal vou continuar no Sporting Clube de Braga e ajudar com os meus conhecimentos a valorizar o nosso trabalho na formação, seja na coordenação, seja no treino individual. O futuro? Neste momento sinto-me bem a fazer o que estou a fazer, mas não escondo o prazer de liderar o processo de treino como treinador principal, o que é algo que no futuro irei certamente voltar a fazer, seja na formação, seja no futebol sénior, mas para já, tenho o objetivo bem claro de deixar a minha marca neste grande clube, e acredito que temos uma equipa muito competente a trabalhar na formação que vai garantir que ano após ano, o SC Braga seja cada vez mais forte em todos os níveis, reforçando a nossa posição como clube de topo a nível nacional a todos os níveis!


Para terminar, o que pensas do Geração Futebol?

Aceitei esta entrevista pelo facto de considerar que estes espaços são de extrema importância para a partilha de experiências e conhecimentos, que apesar de serem muito próprios do autor, fazem-nos pensar e interpretar os diversos pontos de vista que são regularmente apresentados…Sou um seguidor dos posts que aqui são colocados e portanto apenas posso recomendar este espaço a outros colegas que gostam de partilhar e conhecer os diversos pontos de vista que cada qual tem sobre diversas questões do futebol! Obrigado pela entrevista e um desejo de boa sorte e força para dar continuidade a este espaço!



Quero agradecer imenso ao Hugo pela paciência, disponibilidade e qualidade que teve para conseguirmos esta entrevista, mas também pela simpatia e amizade que sempre tem demonstrado, quer neste contexto quer nos demais que nos têm juntado. Uma das melhores coisas deste desporto é conhecer as pessoas que o constroem, Hugo mais uma vez Obrigado e um forte Abraço!

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